Nosso assunto de hoje é a DRGE (doença do refluxo gastro esofágico), que é uma condição na qual o conteúdo do estômago reflui em direção contrária do estômago para o esôfago.
O conteúdo do estômago é muito ácido e essa acidez é importante para a digestão. As paredes desse órgão têm proteção para o ataque das substâncias, entretanto, as paredes do esôfago não têm essa proteção. Por isso, quando ocorre o refluxo, o suco gástrico “queima” as paredes do esôfago, causando azia e outros sintomas.
Já falamos sobre isso anteriormente:
http://www.fabioatui.com.br/voce-sente-azia/
http://www.fabioatui.com.br/quem-nunca-sentiu-queimacao/
Inicialmente, o tratamento é feito por meio de medicamentos e mudanças de hábitos, mas, casos mais graves, a opção de operar deve ser considerada. Especialmente nas situações em que não respondem bem ao tratamento clínico ou quando ocorre o “esôfago de Barrett”, ou seja, alterações da mucosa do esôfago decorrentes da agressão crônica.
A cirurgia para tratamento da DRGE é razoavelmente simples, feita através de cinco furos no abdome, por onde é introduzida uma câmera e também os instrumentos necessários para realizar a costura no estômago ao redor do esôfago, de tal forma que quando o estômago está cheio, momento de maior chance de refluxo, ele comprime a parede do esôfago, ou seja, uma válvula anti-refluxo.
Nem todos os pacientes com refluxo se beneficiam da cirurgia e é importante que, antes de operar, uma avaliação cuidadosa da força de contração do esôfago seja feita por meio de exames, como manometria esofágica e Phmetria de 24 horas. Eles dão a real dimensão do refluxo de forma objetiva e permitem ao médico avaliar se o paciente vai se beneficiar da cirurgia, já que existem casos em que a cirurgia pode trazer consequências graves para a deglutição.
Nos últimos anos, após a introdução da cirurgia vídeo laparoscópica, houve um aumento das indicações cirúrgicas para o tratamento da DRGE. De fato, alguns pacientes, sobretudo os com esofagite grave e “esôfago de Barrett”, se beneficiam enormemente da cirurgia. Porém, em minha opinião, muitos pacientes têm sido operados sem a devida investigação diagnóstica, o que pode trazer consequências graves à sua deglutição.
Como cirurgião, não me sinto à vontade de operar antes de esgotar as possibilidades de tratamento clínico e, muito menos, sem uma investigação detalhada da fisiologia do esôfago.
Fique de olho,
Saúde!